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Essa trilha tem história

Nossa jornada começa há milhões de anos, quando a região onde hoje temos a Ilha de Santa Catarina era, na verdade, um conjunto de várias ilhas, ainda sem nome e vulcões dominavam a paisagem.

Com o correr do tempo as águas dos oceanos foram baixando, e a atual geografia da nossa ilha começou a tomar a forma atual.

Do alto do Morro da Coroa, na Praia da Lagoinha do Leste, observamos as rochas que fincadas na terra são testemunhas desse momento.

Pegamos a trilha para o Pântano do Sul, o tempo corre, estamos no ano 2000 antes de Cristo, os primeiros habitantes estão deixando os amontoados de conchas conhecidos como Sambaquis, que serviam não só como abrigo, mas também como local cerimonial de enterro dos seus habitantes. Pegamos um barco com destino à Ilha do Campeche, se passam 3000 anos, estamos no ano 1000 DC, os Guaranis pulem suas ferramentas, deixando diversas oficinas líticas pela praia. No costão, as inscrições rupestres chamam a atenção pela sua beleza e intrigam sobre sua origem e significado.

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Outro salto na história, mas ainda no Sul da Ilha, chegamos em 1516. Da Praia de Naufragados observamos os primeiros europeus se estabelecendo na região e integrando-se com os Carijó que aqui residem. Entre eles, estão Aleixo Garcia e o negro Francisco Pacheco que juntamente com um exército Guarani percorrem uma trilha de mais de três mil quilômetros até o império Inca. Impressionados com a possibilidade de convivência harmoniosa entre indígenas e europeus, pegamos nossa bagagem e seguimos nossa jornada.

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Agora pegamos uma trilha mais longa, atravessamos toda a ilha e chegamos à Praia dos Ingleses, estamos em 1687. Vemos do alto do morro Francisco Dias Velho, o bandeirante fundador da cidade de Desterro, juntamente com seus indígenas escravizados, atacando piratas maltrapilhos que ali tentavam recuperar seu barco. Todos os piratas são aprisionados e o tesouro é levado até o centro da cidade. Mal sabia Dias Velho, que estes piratas vingativos viriam anos mais tarde recuperar seu tesouro e destruir a cidade. 

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Voltando para o sul, pegamos o Caminho do Travessão e chegamos até a Freguesia da Lagoa da Conceição, estamos em 1750, quando os primeiros imigrantes açorianos começam a se assentar na região. Vemos os agricultores, que vieram em busca de uma oportunidade no “novo mundo”, cheios de esperança e de promessas da coroa portuguesa. Vemos ainda, que as promessas não foram cumpridas e que muitos deles sentem muita dificuldade de adaptação a essa nova terra, novo clima, nova vegetação. Todas essas novidades geram insegurança e medo, que dão asas à imaginação, e daí nascem muitos mitos e lendas: bruxas, boitatás e outras criaturas lendárias servem de explicação aos eventos naturais desconhecidos e dão à ilha a alcunha de Ilha da Magia.

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Continuando rumo ao sul, chegamos na Praia da Armação, 1772. Está entrando em funcionamento a Armação de Santana da Lagoinha. Negros escravizados estão em suas atividades. Enquanto os mais fortes estão no remo das baleeiras caçando os enormes animais, em terra os mais velhos se responsabilizam por cortar o cetáceo em pedaços e derreter sua banha em diversos tachos. Enquanto isso, os carros de boi são carregados para levarem a gordura até o Porto do Contrato, onde embarcarão para o Rio de Janeiro, e serão utilizadas como combustível da iluminação pública da capital. As condições de trabalho nos chocam. Indignados mas impossibilitados de mudarmos o passado, seguimos nossa jornada.

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Agora a viagem é curtinha, só cinco anos. Estamos em 1777, e do alto do Caminho da Santa Cruz, na Praia do Forte, observamos ao longe uma centena de barcos espanhóis acostados à Praia de Canasvieiras, onde desembarcam milhares de soldados. Dentro da Fortaleza de São José da Ponta Grossa o caos está instalado entre os soldados portugueses. De forma açodada e acovardada o forte está sendo abandonado. Em Desterro, a notícia já chegou e grande parte dos moradores pega seu barco e foge para o continente com medo do que vai acontecer. Os espanhóis conquistam as fortalezas do triângulo de defesa sem muito esforço, tornando a Ilha de Santa Catarina, por aproximadamente um ano, território da Espanha.

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A vila cresce, a população aumenta e nós agora viajamos até os anos de 1900. Muita coisa aconteceu nesse período: Independência, Proclamação da República, mudança de nome. Nossa Senhora do Desterro agora é chamada de Florianópolis. Porém, a infraestrutura urbana não cresceu na mesma velocidade da população. Há pela cidade problemas de saneamento básico e acesso à água potável. Do alto do Morro do Antão, região central, vemos a construção do primeiro reservatório de água da capital e a captação de água no Morro da Lagoa e Itacorubi. Alguns anos depois, a Cachoeira do Poção passa a fazer parte deste sistema.

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Agora nossa viagem é pelo céu! Chegamos voando à Praia do Campeche, de carona com o serviço aero postal francês, no final da década de 1930. Iluminado por lampiões, o morro vizinho à pista sinaliza o local do campo de pouso, um dos pontos de parada da companhia, na rota que vem da França, passa pelo Rio de Janeiro e segue para Buenos Aires. Durante as paradas, os pilotos convivem com os moradores da região, ainda impressionados com essas máquinas que voam. Entre eles, aquele que anos mais tarde publicou o célebre livro Pequeno Príncipe.

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Nossa viagem não termina aqui. A cada trilha que fazemos por essa ilha maravilhosa, temos a oportunidade de nos transportar no tempo e conhecer detalhes das histórias que formaram a cidade que temos hoje.

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