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O perigo das serpentes nas trilhas

Uma das preocupações mais rotineiras para quem faz trilhas são as cobras, talvez pelo estigma que há sobre este animal, citado até na bíblia como fonte do mal.


Já tivemos alguns encontros com estes animais durante nossos passeios, mas o mais marcante, sem dúvida, foi na Praia do Rosa em 2013. A nossa paixão por trilhas estava só no começo, dando os primeiros passos, então não tínhamos o conhecimento que temos hoje. Justamente por esse motivo, o Erick, com apenas quatro anos, ia na frente correndo, de chinelo. O objetivo era chegar à praia vermelha.


Em determinado momento, o chinelinho dele arrebentou e ele foi nos ombros no papai. Após uns cem metros, uma enorme jararacuçu (esta da foto aí abaixo, tiramos a foto com zoom) armou o bote e fez seu barulho característico para nos intimidar. O susto foi enorme, desistimos da trilha e vimos a necessidade de aprendizado.

Fizemos dois cursos sobre o tema, um presencial sobre animais peçonhentos, promovido pela Trilhas do Sul (Acesse aqui) e outro à distância sobre acidentes tóxicos por animais peçonhentos, promovido pelo TelessaúdeRS-UFRGS em parceria com o Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT-RS) (Acesse aqui).


Outra experiência bacana, foi visitar o Instituto Butantan, em São Paulo (Acesse aqui). Lá foi possível conhecer diversas espécies de cobras e outros animais peçonhentos.


Estas vivências nos trouxeram diversos conhecimentos sobre as serpentes do Brasil. Aprendemos que existem muitas espécies de serpentes e que a maioria não é peçonhenta. Em Santa Catarina temos três grupos de interesse médico, as jararacas e suas parentes (gênero bothrops), as cascavéis (gênero crotalus) e as corais (família elapidae).

O tratamento para as picadas consiste de soro, o qual somente poderá ser aplicado em ambiente hospitalar, portanto, não é possível comprar soro antiofídico para levar nas trilhas. Isso reforça a necessidade de prevenção.

 

Prevenir é a melhor opção.


Uso de perneiras:

Com exceção da coral, as cobras tem uma ótima camuflagem e como já encontramos com estes animais em algumas trilhas, ficamos imaginando quantas nós deixamos de ver. Por esse motivo, utilizamos perneiras, um equipamento de proteção individual que forma uma barreira contra a picada das cobras, pode ser adquirido em casas agropecuárias ou lojas de equipamentos de segurança. Só abrimos mão desse equipamento em trilhas muito, muito abertas, onde é possível uma excelente visualização do caminho.

Cuidados ao sentar

Instruímos as crianças e temos por hábito sempre analisar o local antes de nos sentarmos para o descanso.


Manter as mochilas sempre fechadas

As serpentes e outros animais podem ficar assustados com a presença de humanos e procurarem um esconderijo. Uma mochila aberta pode se tornar um ótimo local, portanto, mantê-las fechadas é uma atitude preventiva.


Adultos na frente

Desde nossa experiência assustadora as crianças não vão mais abrindo as trilhas, sempre um adulto vai na frente, atento ao ambiente. Além disso, instruímos os participantes a caminharem em fila indiana, evitando andar nas bordas das trilhas, onde os animais podem não estar visíveis.

 

Se houver um acidente????


Segundo o Centro de Informação e Assistência Toxicológica em Santa Catarina - CIATox-SC, entre 2014 e 2019 ocorreram 305 acidentes com serpentes na região de Florianópolis, dos quais 277 com bothrops, 10 com cobra coral e 18 nos quais não foi possível identificar a espécie.


De todos estes acidentes com ofídios, oito tiveram consequências graves e felizmente não ocorreram óbitos na região de Florianópolis.


Se ocorrer um acidente, saber os primeiros socorros é fundamental. Uma das atitudes mais importantes é saber onde levar a vítima, para isso é importante ter o contato do Centro Toxicológico do seu estado. Em Santa Catarina, contate o CIATox-SC (Acesse aqui).

É importante ter em mente que quando estamos fazendo uma trilha, o objetivo é o contato com a natureza, respirar ar puro e melhorar a qualidade de vida. Se observar alguma serpente durante o caminho, deixe-a passar e admire sua beleza afinal somos nós, humanos, que estamos invadindo o habitat das cobras, portanto, respeitá-las é o mínimo que podemos fazer.


Ficou alguma dúvida? Tem alguma sugestão? Conta pra gente!

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