A Serra Catarinense é uma região repleta de cenários deslumbrantes (já falamos sobre Urubici aqui no blog) e neste post vamos falar sobre um lugar que nos encanta profundamente: O Pico do Rinoceronte, em Bom Jardim da Serra.
A cidade
Bom Jardim da Serra é a primeira cidade serrana que você vai chegar se acessar a região através da Serra do Rio do Rastro. Boa parte do seu território está na linha que separa a Serra da Planície, portanto com muitos e belíssimos cânions e encostas. Entre eles, o Pico do Rinoceronte.
Além da Serra do Rio do Rastro, você pode chegar a Bom Jardim da Serra por outros caminhos. Nos dias da nossa viagem, a Serra estava bloqueada para obras e para a realização de uma corrida, então escolhemos o caminho passando por Urubici, saindo da Grande Florianópolis pela BR 282. Para planejar sua viagem é importante verificar a situação da Serra.
O Pico do Rinoceronte
O local, também chamado de Rincão Fino, recebe este nome pois é uma formação rochosa que lembra a cabeça de um rinoceronte. Está localizado no interior de Bom Jardim da Serra, já bem próximo a divisa com o Rio Grande do Sul, na cidade de São José dos Ausentes. Só é possível chegar ao local através de trilha, partindo de Bom Jardim da Serra ou de Siderópolis. Partindo de Siderópolis, prepare-se para encarar mais de 1000 metros de subida.
Como chegar ao Pico do Rinoceronte
Nossa escolha foi fazer a caminhada partindo de Bom Jardim da Serra, da Fazenda Papagaios. Fique atento pois o Google maps sugeria um caminho pelo parque eólico, mas é uma propriedade particular. O correto é seguir pela BJ 050 (Rodovia Governador Ivo Silveira), partindo bem do Centro da cidade.
São cerca de 30 km, em sua maior parte realizado em estrada de chão, alguns trechos tranquilos, outros mais esburacados, mas com certeza, passando por lugares belíssimos, como o Perau dos Cabritos.
Fazenda dos Papagaios
A trilha e o pico estão localizados na área da Fazenda dos Papagaios e são cobradas taxas, mesmo que a trilha seja realizada partindo de Siderópolis.
Para a trilha, bate e volta, em Setembro de 2021 pagamos R$ 20,00 por pessoa. Há também duas possibilidades de acampamento: acampar próximo ao pico, ou na área próxima a fazenda, ambos R$ 40,00 por pessoa e nos dois casos, não há uma estrutura de camping. A diferença é que na fazenda você vai estar próximo ao carro, e no pico vai precisar levar a estrutura necessária na mochila.
Fique atento às orientações do proprietário sobre o local para acampar próximo ao pico, pois é uma região que venta muito e pode colocar sua vida em risco. Mesmo ponto que merece atenção, mesmo se não for acampar porque o local é um precipício e uma queda pode ser fatal.
Outra questão é quanto às fogueiras. A orientação é não fazer fogo, pois é um tipo de vegetação na qual o fogo pode se espalhar com facilidade.
Nossa jornada ao Pico do Rinoceronte
Como estávamos acampando próximo a Serra do Rio do Rastro, no Ronda Turismo Rural, precisamos acordar bem cedo para encarar uma hora de viagem até o início da trilha (na próxima vez dormiremos mais perto).
Iniciamos a caminhada às 8:40 da manhã, em um dia frio, mas de céu aberto. Assim que começamos a nos movimentar e o sol tomou conta do céu, já foi esquentando.
Entre a sede da fazenda e o pico são 7 km de caminhada, somando 14 km ida e volta, então além do lanchinho que normalmente temos na trilha, levamos uma opção mais reforçada, com pão, queijo polenguinho e linguiça Blumenau (os dois últimos que dispensam refrigeração - já falamos sobre isso em um post aqui no blog). Há vários pontos com água durante o caminho (água de rio), mas levamos o suficiente, esse ponto também é bem importante.
É importante baixar o caminho no wikiloc antes de chegar à fazenda, porque não tem internet lá, e o trajeto pode ficar confuso em alguns pontos, se não tiver ajuda do aplicativo.
O ganho de altitude é de 335 metros, bem diluídos ao longo do percurso, com uma subida mais forte nos últimos 500 metros.
Durante todo o trajeto pudemos apreciar o visual maravilhoso da Região Serrana: campos, mata de araucárias, lindos rios e cachoeiras. Como é na área de uma fazenda, passamos por bois e vacas inúmeras vezes.
Foi a maior distância que já trilhamos, então para as crianças foi puxado, mas como são muito acostumados a esse tipo de aventura, em um ritmo tranquilo foi uma jornada que eles concluíram sem grande dificuldade. Mesmo a Laís, alternou diversas vezes entre a caminhada e a mochila.
O visual do Pico do Rinoceronte
Pelas imagens que já conhecíamos da internet, já sabíamos que a partir do Pico do Rinoceronte é possível admirar as encostas da Serra, uma grande extensão da planície até o mar, a Barragem do Rio São Bento, em Siderópolis, além do próprio formato do pico, que é belíssimo.
Porém, quando chegamos próximo ao pico, um nevoeiro foi tomando conta do lugar. Pudemos admirar o pico por poucos segundos e logo foi tomado pela névoa densa. Da região da planície não foi possível ver nada em nenhum momento.
Ficamos ali por quase duas horas. Almoçamos, descansamos, conversamos, e o nevoeiro não se dissipou. Teve alguma magia no momento, porque as meninas ficaram encantadas com a sensação de estar nas nuvens.
Aprendizados para a próxima vez
Não dá pra negar a frustração de não apreciar do jeito que imaginávamos, porém, além de tudo que pudemos curtir do caminho, guardamos alguns aprendizados para a próxima vez.
Vamos acampar na Fazenda dos Papagaios, para não precisar fazer o longo deslocamento antes da trilha, e vamos começar a caminhada bem cedo, para tentar fugir dos horários do nevoeiro. Além de planejar a viagem, novamente em um dia com previsão de céu limpo.
Sobre o nevoeiro
Um fenômeno muito comum nessa região, provocado por uma série de fatores e difícil de prever. Em um dia que os modelos de previsão do tempo apontam céu azul (como era o caso no dia da nossa aventura), o nevoeiro pode "surgir" de acordo com a direção dos ventos (podem trazer umidade de outro ponto, como o mar), ou também da evaporação de outros corpos d'água, como lagoas, rios, barragens e até as canchas de arroz irrigado, que são muito presentes na planície abaixo do pico.
Para mais informações sobre esse fenômeno, confira o conteúdo produzido pelo Climatempo.
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